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quarta-feira, 31 de julho de 2013

90 segundos, 90 segundos... pare um pouquinho, se irrite um pouquinho... mais 90 segundos!

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90 segundos, 90 segundos... pare um pouquinho, se irrite um pouquinho... mais 90 segundos!

Quem disse que a administração do Município de Porto Velho não faz nada? Que injustiça dizer que o prefeito Mauro Nazif e sua equipe estão paralisados!

Aceito dizer que estão devagar, quase parando... mas como quase faz muita diferença, neste caso, não aceito dizer que não fazem nada... Embora quase tudo que fazem seja, digamos, complicado de entender.

Sou um assíduo circulante de nossas ruas e avenidas, por várias razões.

Há algumas semanas queixei-me em nosso programa (Conteúdo Amazônia, TC Capital, canal 38) - talvez nossos 3 ou 4 telespectadores possam servir de testemunhas disso - do quão tem sido complicado deslocar-se por nossa cidade, em qualquer sentido, mas destaquei que no sentido norte-sul é ainda mais complicado do que no sentido leste-oeste.

Fazia referência à quase (olha ele aí de novo) inexistência de vias de circulação facilitada que façam a ligação no sentido norte-sul. São tão poucas que ousei citá-las: Jorge Teixeira – a mais extensa e melhor (não significa que seja bem) sinalizada, mas que possui enorme fluxo, inclusive de carretas; Rio Madeira – com semaforização mal planejada, cansativa, irritante e nada convidativa; Guaporé e Mamoré ambas localizadas já na Zona Leste da cidade e, por isto são menos utilizadas por que vai ou vem da zona sul para a norte - são igualmente mal semaforizadas, sem nenhuma sincronização. Apenas essas quatro ligam a BR 364 à zona norte da cidade.

As demais como Farquar (que vem da zona norte ao centro) e Campos Sales (que vai da zona Sul à região central) são curtas e não fazem a ligação completa.

Neste cenário desanimador, recebi uma boa dose de esperança quando li em alguns sites de notícias de nossa capital a manchete “Rua Rafael Vaz e Silva torna-se novo corredor urbano em Porto Velho”. Realmente achei a idéia interessante, afinal, trata-se de via larga com razoável extensão, que pode ajudar a desafogar a combalida Jorge Teixeira.

Não demorou muito, penso até que no mesmo dia, planejei minha rota que é variável, mas que tem, em regra, origem na rua Abunã e destino a zona Sul, para utilizar o “novo corredor urbano”, foi aí que a saga começou...

Não era ainda o terrível horário de “pico”, acredito que passava pouco das 16h, quando aproximei-me do primeiro semáforo e, ao avistá-lo, a primeira e desagradável surpresa: o temporizador avisava que seriam 90 segundos de espera... mas tudo bem, eu estava iniciando minha “estréia” no “novo corredor urbano de Porto Velho” e não seriam aqueles 90 segundos, o fator que estragaria aquela passagem. Quando a luz verde finalmente apareceu o temporizador para meu desalento (estava tentando manter a calma) marcava relâmpagos 19 segundos. Resultado? Pouquíssimos carros lograram êxito em transpor a mais nova barreira na via e logo mais 90 segundo passaram a ser contados.

Depois de mais uma quase imperceptível aparição da luz verde, como ainda eram poucos veículos na via graças ao horário, consegui passar pelo cruzamento da Pinheiro Machado, porém, ainda que tão vitória pudesse ser motivo de comemoração pela dificuldade superada, meu coração de motorista com hora pra chegar no próximo compromisso (e olhe que sempre saio com boa antecedência para evitar transtornos) já doía, pois à frente avistei novo temporizador que avisava que a espera agora seria de, pelo menos 75 segundos... Como no cruzamento anterior, também na Carlos Gomes a luz verdade dava o ar de sua graça por não mais que imperceptíveis 19 segundo e, portanto, foi necessária outra parada e espera pro 75 segundo antes de fazer o cruzamento daquela via. Passei sem maiores problemas pela Dom Pedro II, e já com o sangue ligeiramente quente (sou uma pessoa tranqüila) deparei-me com mais 90 segundos de luz vermelha, 19 segundos de luz verde e outros 90 segundos de luz vermelha para, finalmente(!), seguir meu caminho até a Nações Unidas pelo maravilhoso “novo corredor urbano de Porto Velho”.

Se você que é um dos 5 ou 6 leitores que prestigiam este calmíssimo escriba, aceite uma dica, pelo seu bem... Se for usar o “novo corredor urbano de Porto Velho” tome antes uma boa dose de rivotril e torça, como eu continuo torcendo até pelo Genus, que um dia se faça política séria e planejamento eficiente do tráfego em Porto Velho.

Por que trafegar pelo “novo corredor urbano de Porto Velho” só cantando: 90 segundos, 90 segundos... pare um pouquinho, se irrite um pouquinho... mais 90 segundos!

Anderson Machado

quinta-feira, 18 de julho de 2013

“Cada povo tem o governo que merece” Será?


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“Cada povo tem o governo que merece” Será?


Quando o filósofo francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821) escreveu sua mais célebre frase, consagrou na história um pensamento que, no fundo, queria dizer que o povo não sabe escolher seus governantes. É uma conclusão bastante tentadora a que nos proporciona o pensador – que era contrário à revolução francesa e defensor da monarquia, pois coloca no colo do “povo” a culpa pelas mazelas governamentais que ao longo da história passada e presente existem em nossa sociedade. Fácil concluir: Esse povo ignorante é que faz os “políticos” serem tão corruptos. Bem feito!

Mas espere um pouco... Tem um “detalhe” importante nessa história: Que é esse tal “povo” que merece, permanentemente, governos tão ruins?

Por mais dolorosa que seja essa conclusão, é preciso perceber que esse povo também sou eu, é você que lê estas linhas, nossos ascendentes (pai e mãe, p.e.) e descendentes (filhos!), vizinhos, amigos, colegas, os jogadores de nossos times (pelo menos os cidadãos brasileiros), aquele guarda que te aplicou uma multa de trânsito (e que você teve vontade de dar R$10 pra ele mudar de idéia), aquele bombeiro que sacrificou a saúde salvando vidas no incêndio, aquele magistrado que vende sentenças e aquele outro que arrisca a vida pra garantir a prevalência da Justiça, o médico que só quer trabalhar à beira mar e aquele outro que vai pros rincões honrar a profissão... Enfim: Nós somos esse “tal” povo! E será que merecemos governos que nos roubem, que nos enganem, que não se preocupem conosco, que não cumpram a missão para a qual foram designados?

Apesar de inegavelmente existirem pessoas que não fazem a sua parte das pequenas às grandes coisas na sociedade, ninguém merece ser roubado, enganado, maltratado. Não defendo o “olho-por-olho”, até porque a imensa maioria do povo é gente de bem, gente que no fundo quer o bem dos seus e, no mínimo, não quer o mal para os demais.

O povo brasileiro não tem o governo que merece!

E isto é assim, porque vivemos imersos em um sistema político feito para não funcionar, pensado para privilegiar uma minoria que ao longo da história sempre se manteve efetivamente no Poder, independentemente de governos. Em que pese, de tempos em tempos, termos movimentos que aparentam que, finalmente farão com que vivamos numa verdadeira democracia, há sempre manobras que permitem a perpetuação dos “velhos”, daqueles que jamais se afastam do Poder e permeiam todos os governos (qualquer semelhança com elementos do PMDB não é mera coincidência).

O tal do “sistema” é tão bem feito que impede até mesmo quem queira realmente trabalhar. A forma como se dão as eleições e a tal “governabilidade” transformam qualquer programa de governo decente, no máximo, num arremedo, baseado em conveniências e retribuições, muitas vezes inconfessáveis. Eleger-se no Brasil, pelo sistema atual, é privilégio de quem tem muito dinheiro ou de quem se alia a quem tem muito dinheiro. Resultado: Os governos jamais deixam de facilitar e trabalhar para que quem já tem muito dinheiro ganhe ainda mais!

Não existe solução mágica pra isto, afinal, são muitos os fatores que contribuem para a corrupção que vem da sociedade para a administração. Investimento em educação com cidadania e fortalecimentos de valores éticos e morais, sem dúvida produzirão a médio longo prazo mudanças estupendas, que serão a base de uma sociedade melhor.

Porém, é preciso atacar o sistema em sua fonte de alimentação, é fundamental reduzir a influência do poder econômico na escolha daqueles que ocuparão os cargos mais influentes do Estado Brasileiro.

O modelo atual de financiamento de campanhas é um absurdo, favorece aos milionários e àqueles que vendem seus futuros mandatos. É porta aberta à corrupção, pois quando uma empresa ou alguém financia sua campanha, após a eleição vai mandar a fatura, que em regra é a corrupção.

Precisamos de uma democracia onde as pessoas sejam eleitas porque têm o dom de bem representar seus iguais, porque têm o dom de formular e defender boas e exequíveis propostas. Se a maioria do povo brasileiro é assalariado, porque a maioria de nossos "representantes" é de empresários, oligarcas e seus comparsas? É possível mudar essa história e isto começa por nivelar as eleições.

Que vença quem tiver propostas e não quem compra mais votos!

Nesse sentido, está em discussão no Congresso Nacional e também no seio de nossa sociedade, a partir da iniciativa de movimentos populares e alguns partidos políticos, a proposta de financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. Como não poderia deixar de ser, os “velhos” e eternos donos do “Poder” já se mobilizaram contra a proposta e tentam desviar o foco da discussão, distorcendo-a.

É preciso dizer que não se trata de “gastar dinheiro público com políticos” e sim investir no processo eleitoral igualitário e democrático para que tenhamos eleitos que efetivamente representem o povo brasileiro. Não é usar nosso dinheiro para fazer campanhas ricas (contratar shows, inundar as cidades de fotos que nada dizem, etc.), é apenas custear para todos, de forma igual, o material necessário para divulgar suas propostas.

Com o financiamento público todas as pessoas que se sentirem chamadas à vida pública terão a mesma oportunidade e a escolha será a partir das propostas e não da forma que é hoje em que os vencedores, em regra, são aqueles que mais utilizaram recursos econômicos, inclusive comprando.

Por fim, não ousaria ter, e não tenho, a pretensão de fazer aqui discussão técnica e aprofunda a respeito dos detalhes das propostas que provavelmente figurarão nos debates da esperada reforma política, mas sim chamar a atenção pra esses aspectos referentes ao financiamento das campanhas eleitorais, pois acredito que a diminuição máxima da influência direta daqueles que têm mais dinheiro será, se aprovado, um fator fundamental no processo de “passar a limpo” o Estado brasileiro.

A você que me deu a honra que ler este post, fique atento, pesquise, vamos aproveitar a oportunidade que provavelmente teremos de, finalmente, mudar nosso país pra melhor. Afinal, nós, nossos filhos e netos merecemos governos que verdadeiramente nos representem!

Anderson Machado